Contou os cacos pelo chão. Eram infinitas porções daquilo que um dia fora. Trancou-se em si mesma na esperança de não ser machucada novamente. Mal percebeu que as causas das feridas estavam dentro de si.
Afundou no mais profundo e denso mar. Deixou-se levar. Tentou negar a existência das cicatrizes, mas elas mostram quão frágil e pequena é. Mostram quem de fato você é. Limpar as lágrimas e juntar os cacos faz parte da sua natureza. Se despedaça sempre que estende as mãos.
Mas é por uma boa causa, não é? É para ajudar os outros? Então você faz. Mesmo sabendo que se quebrará em mil pedaços, você arrisca. Mesmo sabendo que, no final, quem se machuca é você e que ninguém vai parar a própria vida para te ajudar a juntar os cacos.
Levanta a cabeça, pequena! Se o mundo fosse feito de pessoas como você, ele seria bem melhor. Mas não é assim que você sente, certo? Você sente como um plástico bolha, que só é útil quando está ajudando a proteger algo. Depois que sua função de proteção acaba, estouram suas bolhas e você fica flutuando por aí, sem que ninguém se quer perceba o quão só e quebrada está!
Flutuando por aí, tendo a impressão de que ninguém te vê. É assim que você se sente. Frase tão comum e ordinária essa, nesses tempos tão plagiados, mas “levanta a cabeça, princesa, se não a coroa cai”. Você já ouviu isso, não foi? De milhões de formas diferentes, mas ouviu. Já ouviu também que precisas mudar.
Mas se recolheu em si mesma e continua seu caminho. Olhando para o chão e vendo os cacos vermelhos que deixou. Olhando pro alto, almejando não mais pertencer a este mundo, você continua. Apesar dos pesares, seus sonhos permanecem intactos. Estão comedidos pelo medo da decepção, é verdade, mas continuam com você, até o momento que irão explodir.
E já não serão cacos de dor e solidão, mas pequenas fagulhas de fogos que explodirão por onde você passar. Serão pedaços de estrelas contidos em seus sonhos reais. Serão partículas de seu ser, brilhando, reluzindo em alegria, comemorando a vitória. Porque já não será um plástico bolha, mas um cometa em ascensão. Não um desses vistos na Terra, mas um desses que cruzam o universo deixando um rastro luminoso de belas histórias e sonhos contados como grãos na areia ou estrelas no espaço.
OBS: O texto foi escrito por mim e é proibido seu uso ou cópia integral, ou de fragmentos, sem a autorização da autora. O mesmo vale para todo e qualquer conteúdo deste blog que seja de minha autoria. Sua cópia ou uso sem autorização é qualificado como plágio, sendo configurado como crime previsto no Código Penal. O infrator está sujeito as punições previstas no Art. 184 do Código Penal - Decreto Lei 2848/40.
Kamila Mendes
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