...E
as palavras se transformavam em imagens diante de meus olhos.
Piscava, piscava e não acreditava no que via. Cores intensas e
vividas dançavam ao meu redor. A brisa suave carregava o cheiro da
primavera, enquanto envolvia meus cabelos com pequenos grânulos de
polem amarelo.
Ao
longe podia vislumbrar as águas caindo violentamente sobre
pedregulhos. Apesar da força da água, a beleza era inegável. Podia
sentir as gotículas de água atingindo meu rosto e lambi os lábios
saboreando a água doce e viva.
Atrás
de mim, um castelo se erguia. Uma construção grandiosa, cheia de
torres, com janelas imensas, se estendia por quase toda a costa da
baía. Sorri, nunca imaginei entrar num mundo como aquele.
Entrando
na floresta, avistei as criaturas mais belas que poderia existir.
Figuras esquias, altivas e de uma beleza espantosa, subitamente soube
que eram elfos. Sua altura e leveza no andar, a sabedoria ancestral
contida em seu olhar, não deixavam duvidas de quem eram.
Senti
as bochechas queimando, quando o mais belo, porém um palmo mais
baixo que o mais altivo dos elfos, me olhava. Seus olhos verdes,
ressaltados pelas sobrancelhas e cabelos negros fitavam intensamente
meu rosto. Desviei o olhar e viu meu reflexo no elmo do cavaleiro
elfico. Estava de armadura, mas não lembrava de tê-la vestido.
Voltei
a olhar para os elfos, mas não conseguia ouvir o que falavam. Suas
vozes sumiam como a brisa suave. O sorriso torto que surgira nos
lábios do elfo de cabelos negros se desmanchava ao mesmo tempo que
um olhar confuso tomava seu rosto. Eles desapareciam diante de mim...
Uma
voz ao longe chamava meu nome. Ouvia, mas não queria ir. Gostaria de
permanecer ali. Me agarrei ao belo semblante de olhos verdes e
relutei a me virar. Mas um grito de raiva me tirou dali. Abismada
olhei a figura em minha frente, falando e falando coisas que eu não
entendia. Pisquei até conseguir entender.
Diante
de mim, minha mãe bufava de raiva.
- Que
droga, Katarina! Será que sempre vou ter que gritar pra chamar sua
tenção?!! Você fica aí, enfiadas nesses livros e eu aqui,
penando pra arrumar essa casa! Anda, levanta e vai lavar a louça!
Fechei
os olhos. Dolorosamente, fechei o livro e voltei a realidade. Queria
permanecer ali, encarando os olhos verdes que surgiam em minha
imaginação a cada virada de página, fantasiando aqueles olhos
queimando em mim!
OBS: O texto foi escrito por mim e é proibido seu uso ou cópia integral, ou de fragmentos, sem a autorização da autora. O mesmo vale para todo e qualquer conteúdo deste blog que seja de minha autoria. Sua cópia ou uso sem autorização é qualificado como plágio, sendo configurado como crime previsto no Código Penal. O infrator está sujeito as punições previstas no Art. 184 do Código Penal - Decreto Lei 2848/40
Kamila Mendes
Marcadores: Inspiração