Crônica do
dia
Madrugada e a gritaria
começou. Latidos por toda a vizinhança, incluindo dentro do quintal. E miados,
rosnados de raiva, dor e medo. Todos foram acordados: uma família inteira saiu
para procurar qual de seus gatos havia sido bobo o suficiente para entrar na
área dos cães.
Felicidade e alívio ao
descobrir que os gatos estavam no sofá da sala, tão assustados quanto seus humanos.
Mas a pergunta continuava: que gato era esse que havia se arriscado a entrar no
domínio canino e agora estava em apuros?
Assustados, os humanos
foram até a lateral da casa e nada viam. A lua não enviava uma luzinha se quer
que pudesse localizar o bichano em desespero. Duas das filhas foram para trás
da casa, prender os cachorros, enquanto pai e mãe tentavam, através da grade
que separa os cães da garagem, ajudar o felino indefeso.
Mas, uma vez os
cachorrinhos presos na corrente, a luta pelo resgate do gato continuou. Para
aliviar a tensão, as três filhas da família brincaram intitulando a situação
como “O resgate do soldado gato”. Ferido e assustado, o felino não permitia
aproximação. Arranhava, mordia e se escondia ainda mais dentro de uma caixa de
isopor.
Graças a ajuda de uma
vassoura, o bichano pulou a grade e foi para a segurança da garagem: o pai da
família, sem conseguir encostar um dedo no bichano sem levar uma mordida, pegou
uma vassoura e passou e a empurrar o bichano grade acima. Com a vassoura encostada
no bumbum do gato, o pai encorajava-o a sair.
Mas sem forças para
fugir, a única coisa que o gato preto conseguiu foi se arrastar até o topo da
grade e se jogar na garagem. Ali, deitado, se aninhou com sua própria dor, ainda
não permitindo nenhum contato físico, deixando as filhas da família em alerta.
Alarmada, a família ainda procura ONG’s de resgate animal, mas ainda não
encontrou ajuda. Enquanto isso, o pobre bichano sofre pela difícil vida na rua
e pela desconfiança adquirida por anos de maus tratos, que o impedem de aceitar
ajuda!
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Kamila Mendes
Marcadores: CRÔNICAS