Paulo, o carinha mais maneiro da escola. O mais cobiçado e também o mais difícil, havia se encantado pela beleza e suavidade da menina. Logo ficaram amigos e não demorou que a paixão surgisse, trazendo com ela longos meses de namoro.
O casal havia saído de uma festa naquela sexta-feira chuvosa. Paulo não era chegado a bebida, mas naquele dia bebera além da conta. Melissa se assustou e puxou o rapaz bêbado para um canto vazio da casa de Angela, amiga de Melissa e ex-namorada de Paulo. Durante a conversa que terminou com palavras duras e frias, a menina arrancou do namorado a verdade: na noite anterior, Gustavo, pai de Paulo, chegou em casa bêbado e bateu em Paulo. Bateu até que perdeu a consciência. Paulo tentou fugir, mas a mãe não deixou. Chantegeou o filho, dizendo que não poderia viver sem ele.
Na escola, os hematomas não eram visíveis. Mesmo bêbado, Gustavo era esperto: bateu abaixo dos ombros. Desde então Paulo tinha dificuldade de respirar, chegando a cuspir sangue algumas vezes. Depois de contar a história aos berros e com lágrimas nos olhos, Paulo se afastou e bebeu mais ainda. Melissa se aproximou dele, dessa vez mais calma e pediu para ver. O rapaz levantou a camisa e o que a namorada viu não era normal.
Manchas verdes e pretas se espalhavam pelo abdômen de Paulo. Abaixo do braço direito havia uma ferida em carne viva. O garoto não foi ao hospital, pois o padrasto ameaçara matar sua mãe. Melissa decidiu levá-lo pra casa, para cuidar de suas feridas e convencê-lo a denunciar o monstro. Mas no meio do caminho a chuva aumentou. A estrada ficou perigosa . já não podia ver o caminho, nem o tronco a frente.
Quando a menina acordou ficou confusa. O vidro do carro estava quebrado. Água entrava e acumulava no chão do carro. Ao tentar sair foi que percebeu. O veículo estava de cabeça para baixo. Desesperada, Melissa chamou por Paulo. Ela mal conseguia virar o rosto, mas quando o fez se desesperou. O rosto do namorado estava irreconhecível. Vidro rasgara toda sua face e um galho estava cravado em seu peito.
Por um momento a vista de Melissa escureceu. Mas ela se forçou a não desmaiar. Chorando incontrolavelmente, começou a vasculhar o teto enlameado do carro. Só um pensamento vinha a tona: encontrar sua bolsa. Nela estavam seu celular e o de Paulo, e por um milagre, a bolsa era justamente a que ganhara de sua prima. “Com tecido impermeável, para que você ande sempre precavida” . ‘Será, que de alguma forma ela adivinhou que isso podia acontecer?’, mas não tinha tempo pra se perder em pensamentos. Só queria encontrar a bolsa.
Continua...
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Kamila Mendes
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