segunda-feira, 28 de maio de 2012

Sobrecarga: Epílogo

Não é a primeira vez que acordo antes do relógio desperta e encaro o teto por um momento que parece infinito. também não é a primeira vez que me pego pensando se fiz a escolha certa. Se o melhor não seria simplesmente desistir. Parar de lutar contra a dor e simplesmente abraçá-la, tal qual uma mãe faz com seu pequeno. Seria mais fácil com certeza, mas ainda luto para me manter de pé. 


Cada dia parece ser mais dificil que o outro. As nuvens negras só vão embora depois de um longo período na presença dos filhotes. Com eles ocupo meu tempo. Sou obrigada a parar de olhar para dentro e cuidar de alguém. Miguel tem me ajudado, mas sei que é forçoso para ele ver a tristeza sempre beirando meus olhos. Ele entende, eu sei. Mas até quando?

Espero que Miguel entenda que eu não vou mudar de um dia pro outro. Todas as manhãs, e ao longo do dia, travo uma batalha interna! Uma batalha contra minhas emoções. Amanheço e adormeço ainda ouvindo a doce gargalhada de Paulo misturada ao som agudo e estridente de vidro estilhaçado. Durmo com medo e acordo as lágrimas. 

Não vou mentir e não minto para ele. Miguel não é minha tábua de salvação, ou um ancora que me mantém firme no chão. Mas cada sorriso meu vem por conta dele. Passei tanto tempo escondida de mim mesma que tenho medo de olhar no espelho e vê quem sou hoje. Espero que ele saiba que toda lágrima e todo mal humor não é por causa dele, mas porque ainda luto pra me livrar de toda essa dor!

Sou um mistério pra mim mesma. Gostaria de ser doce, compreensiva e meiga como era. Miguel merece alguém assim, mas não sou mais. Dia após dia descubro e redescubro quem sou.

As linhas brancas em meus pulsos mostram quanta dor eu senti e, se comparado aquele tempo, ela já não é tanta assim. Mas aí é que está o problema: a dor se esvais aos poucos, milímetro por milímetro, e deixa em seu lugar um grande e redonda nada. Tenho que preencher isso com algo. Eu preciso aprender, reaprender na verdade a ser feliz!

A dor que carrego no peito ainda existe. Ela não cedeu. Mas eu não vou desistir, também não cedi. Não mais vou deixar ela ditar o que sou. Antes eu era feliz. Depois virei uma espécie de zumbi. Mas hoje não. Eu não vou cair sem lutar.

OBS: Talvez vire um livro...não sei...estou pensando no assunto!

OBS II: O texto foi escrito por mim e é proibido seu uso ou cópia integral, ou de fragmentos, sem a autorização da autora. O mesmo vale para todo e qualquer conteúdo deste blog que seja de minha autoria. Sua cópia ou uso sem autorização é qualificado como plágio, sendo configurado como crime previsto no Código Penal. O infrator está sujeito as punições previstas no Art. 184 do Código Penal - Decreto Lei 2848/40.

Kamila Mendes

1 comentários:

Dri disse...

kami eu acho que um livro dessa historia ficaria demais...
iria dá maior densidade a dor de melissa.e a entrada de miguel na vida dela...
enfim perfect como tudo que vc faz best *----*