Verdes como o mar

Os olhos escureciam. Não conseguia respirar. Não podia sorver oxigênio. As águas poderosas da tristeza e dor me submergiam e já não havia esperança de voltar a superfície  O pouco de claridade que atravessava minha escuridão, permitiu que pudesse ver o céu.

À medida que meus pulmões ardiam, queimavam em busca do gás tão importante, meus olhos se fechavam, mas a claridade me prendia. Prendia a frágil linha de esperança. Não posso desistir. Não posso cair na escuridão sem fim.

Pedi, em pensamento, por alguém que me tirasse desse mar sem fim. A escuridão me alcançou. Os pulmões forçaram em busca de ar e se encheram de líquido salgado. Doeu. Fechei os olhos...

... uma dor lancinante atingiu meu peito. O calor inundou meus lábios e o corpo inteiro estremeceu. Os pulmões trabalhavam enlouquecidamente, como se tivessem esquecido sua função natural. Antes a escuridão me engolia, agora a claridade me cegava.

A água queimava, abrindo espaço em meio a garganta. Abandonando meu interior. Respirar era difícil  Pensar doía. Não conseguia me mover. Então, uma força poderosa me ergue do chão. Forcei o olhar e vi, tão límpidos como o mar que ameaçava me engolir, olhos que pretendiam me salvar. Verdes como o mar.

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Kamila Mendes