Noite clara com céu
estrelado, tão bela e plácida que chega a ser um insulto a minha dor. Minha
alma abatida e trêmula se derrama diante de ti em palavras doídas, mas cheias
de amor.
Tive que escolher, meu
amor. Fui obrigada a fazê-lo. Mas sempre guardarei em meus sonhos o dia em que
o conheci. Ei de viver cada instante como se fosse a primeira vez e jamais a
última. Pois ao pensar em ti, não vejo um fim e sim um começo...um começo que
jamais terei.
Recordo das flores e
das lágrimas que derramei aquele dia. Não sabia que ali, diante de mim, estava
aquele que dominaria meus sentimentos e que assistiria, de mãos atadas, a minha
liberdade ser cerceada.
Vi teu sorriso brilhar
enquanto montava seu corcel negro. Da janela, essa mesma janela que recebe as
lágrimas dessa dor, assisti seus cabelos negros esvoaçarem e vi quando o brilho
de seus olhos tocou os mesmos e minha esperança floresceu.
Guardarei com todo
amor os dias em que passei ao teu lado. Mesmo quando, na escuridão da noite,
ele vier ter comigo. Isso mesmo, meu amor. O contrato foi assinado. Parto
amanhã com o despertar da aurora. Serei senhora em uma terra estranha, sobre um
povo arredio, e esposa de um homem que odeio. Mas meu coração é seu...
Melhor assim, anjo
meu. Melhor sofrer por toda vida do que amargar a morte tua. Ei de viver meus
dias relembrando a esperança que fizeste florescer em meu ser. E, por mais que
me doa, desejo que sejas feliz. Que encontre alguém sem as obrigações da
realeza que seja tua e de mais ninguém.
Termino aqui meu
lamento, pedindo de ti perdão. Não se lembre de mim com amargor na alma, porém
não me esqueça. Mas viva sua vida sabendo que antes de sonhar com riquezas,
terras ou títulos, sonhei em ser tua mulher, mãe de seus filhos e por mais nada
ansiei.
Amo-te!
De sua Bella d’La Font
Carta escrita em meados do século
XVIII.
OBS: O texto foi escrito por mim e é proibido seu uso ou cópia integral, ou de fragmentos, sem a autorização da autora. O mesmo vale para todo e qualquer conteúdo deste blog que seja de minha autoria. Sua cópia ou uso sem autorização é qualificado como plágio, sendo configurado como crime previsto no Código Penal. O infrator está sujeito as punições previstas no Art. 184 do Código Penal - Decreto Lei 2848/40
Kamila Mendes
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Kamila Mendes
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