“As melhores coisas da vida vem quando estamos
distraídos”
Ao ler essa
frase, a vontade de Lídia era de gargalhar, segurou o riso, engoliu em seco a ironia que ameaçava escorrer de seus lábios e jogou fora o papel amassado. Maldito biscoito da sorte, não sei porque
ainda me dou o trabalho de ler essas besteiras.
O dia não
tinha começado nada bem. O chuveiro elétrico quebrara justo no dia mais frio do
ano. A bateria descarregara a noite, impedindo-a de atender o telefonema da
agência de emprego que tanto aguardava.
O cabelo desgrenhado, amassado era um reflexo de sua alma nos últimos
dias.
Naquela manhã,
decidira que não daria satisfação para ninguém. Colocou o celular, agora com a
bateria carregada, no modo silencioso e quando bem decidisse o olharia para
pensar se retornaria as ligações. Como se
alguém fosse ligar, pensou.
Vestiu seu
moletom surrado do Mickey Mouse, uma calça jeans velha, o all star que não via água e sabão desde que saíra da loja e saiu. Sem rumo caminhou por horas, até
que a fome bateu à porta. Entrou na lanchonete oriental a qual ia na companhia
do pai, há tanto tempo que nem conseguia lembrar que idade tinha. Almoçou e
quebrou o biscoito da sorte servido por um garçom Ao amassar o papel, saiu,
mais uma vez sem rumo.
Enquanto aguardava
o metrô, Lídia sentiu-se vigiada e, ao virar o rosto repentinamente, avistou um
rapaz com rosto familiar. Ele caminhava de forma confiante em sua direção. Chegando perto, Lídia
percebeu que era o mesmo rapaz da lanchonete. Ficou admirada ao perceber o quão
lindo era o sorriso dele e como seu rosto anguloso comportava um olhar seguro e
cheio de si.
- Creio que
você esqueceu esse papel. Talvez devesse acreditar um pouco mais em si mesma.
Olhando boquiaberta para o jovem, leu novamente o recadinho e sorriu. Talvez as coisas realmente
aconteçam quando já não se espera nada da vida. Lídia pelo menos encontrou
alguém que a fez sorrir.
OBS: O texto foi escrito por mim e é proibido seu uso ou cópia integral, ou de fragmentos, sem a autorização da autora. O mesmo vale para todo e qualquer conteúdo deste blog que seja de minha autoria. Sua cópia ou uso sem autorização é qualificado como plágio, sendo configurado como crime previsto no Código Penal. O infrator está sujeito as punições previstas no Art. 184 do Código Penal - Decreto Lei 2848/40
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Kamila Mendes
Marcadores: CRÔNICAS, Inspiração