Assim como a floresta, os narnianos também responderam ao grito de guerra. Até os animais pequenos, cansados das primeiras batalhas daquele dia, se lançaram contra os calormanos como se tivessem passado todo aquele tempo apenas descansando. A verdade é que, ao som do nome do Grande Leão, todos recobraram a força e a coragem, incluindo você.
O que aconteceu em seguida é difícil de descrever. Espadas se chocando. Animais atacando. O sangue manchava o solo da floresta e as arvores pareciam lutar também. Minotauros jogando calormanos a metros de distancia apenas com a força bruta de seus braços. Os centauros e faunos avançavam entre os soldados. Galhos de arvore envolvendo o tronco de calormanos apavorados e os lançando a quilômetros de distância. Os homens lançados jamais retornariam.
Você brandia Fúria das Estrelas como se não tivesse feito nada em sua vida a não ser guerrear. Um após outro calormano ia caindo à medida que você avançava com espada em mãos, dirigindo golpes certeiros. Fúria das Estrelas era agora parte de você, um alongamento do seu corpo. A medida que ela reluzia, era como se você assistisse a um filme: assim que um soldado avançava contra você, seus olhos avaliavam o movimento do oponente e seu cérebro trabalhava como uma máquina, você já não pensava simplesmente agia e, com um único movimento de seu braço, o homem caía. Era comum que os soldados inimigos cobrissem os olhos quando a espada reluzia.
A luta ia bem, parecia que os narnianos ganhariam, quando um grito atravessou a floresta. Ciclone fora atingido no flanco por um lança e jazia no chão sem conseguir levantar. Em um impulso protetor você atravessa o campo de batalha, abrindo caminho com Fúria das Estrelas, em direção a ele e é cercada. No fundo você sabia que desobedecer aos conselhos de Caspian em campo de batalha era loucura, mas você não podia permitir que um amigo fosse assassinado diante de seus olhos.
O conselho, ou as ordens de Caspian, você ainda não consegui identificar, era claro: “se um amigo cair continue lutanto, será muito mais útil a ele que você prossiga na batalha do que ser capturada tentando ajudar e ainda deixar nosso lado desfalcado!”. Assim que você ajoelha ao lado de Ciclone, cinco soldados investem contra você. Fúria das Estrelas está se chocando contra as cimitarras. Sabendo que só com a espada você não vencerá, saca a faca e a atira no pescoço do soldado inimigo.
As adagas são como um alongamento de seus braços, se parecem mais como prolongamento de seus dedos e são lançadas contra os soldados mais distantes do alcance de sua espada. Os calormanos caem aos seus pés. Um após o outro vão tombando à medida que a lâmina de sua espada os alcança. Para impedir que uma flecha a acerte, você toma uma decisão que pode custar sua vida e lança Fúria das Estrelas de encontro ao coração de um arqueiro calormano. O arqueiro cai inerte quando a espada encontra seu alvo. Antes que possa comemorar seu êxito, e no mesmo instante que você puxa as adagas mais uma vez, uma dor aguda na nuca a derruba e um grito enfurecido chega aos seus ouvidos.
Com surpresa você se dá conta que o grito é seu. Alguém a atingiu por trás, um golpe extremamente covarde do punho de uma espada contra sua nuca a derruba e faz com que os narnianos parem de lutar. Você começa a sentir uma dormência estranha em seu corpo e um calor úmido desce pelo seu pescoço até seus ombros. O cheiro de ferrugem a atinge até que você percebe que o que está escorrendo é seu sangue e ele desce pelo seu queixo em uma quantidade que você nem sabia ser possível sair de uma pequena ferida, ao menos você pensa que é uma pequena ferida.
Com esforço inútil você tenta levantar, mas a força abandonou seus braços e pernas. Não há mais força se quer para levantar a cabeça, sua visão está turva e um tanto escura, você mal consegue ver um palmo a sua frente. Você se permite ficar deitada de peito para o chão até entender o que está acontecendo. Assim que sua cabeça para de rodar, você olha em direção de seu regimento e o vê enfrentando os soldados inimigos. Os centauros avançam na tentativa de libertá-la e você pensa que Caspian tinha razão, se ao menos você tivesse obedecido!
“ – Um único movimento e a cadela que vocês chamam de princesa morre!”
Os uivos de frustração e tinidos de espadas, lanças, machados jogados ao chão são ouvidos na clareia. Você não consegue ver, mas sabe que seu regimento se rendeu apenas para poupar sua vida. Seus olhos estão escuros e com a vista embaçada você assiste seus soldados se renderem. A dor é intensa, não a dor do golpe que a atingiu, mas a dor do fracasso. Você percebe que os humanos citadinos de Cair Paravel fugiram da batalha e com um pouco de sorte podem ter chegado ao Monte de Aslan, ponto de encontro com Caspian, onde terão provisões e se protegerão sem maiores dificuldades e você pensa que “por mais que os calormanos saibam do plano de fuga, o Tisroc não tomou conhecimento do destino da fuga do povo, pois este só foi decidido no conselho de guerra.”
Levou tempo para que os calormanos organizassem os narniano em fila e os algemassem. Foi com naturalidade que você ouviu rosnados e barulhos de presas penetrando em carne humana. “Podem nos render, mas só porque nossa princesa está em suas mãos. Se não tivessem sido covardes nós teríamos vencido. Vocês nunca escravizarão Nárnia com facilidade”, bradou uma voz rosnada que você sabia pertencer a um dos guepardos, provavelmente o líder dos felinos.
Assim que todos estavam organizados, um soldado calormano ferido entrou correndo na clareira. Bufando pelo esforço da corrida e pela dor dos ferimentos, o homem bradou:
“ – De alguma forma, comandante, o rei bárbaro ficou sabendo dos ataques. Ele tomou cuidado para eliminar nossos vigias para que não soubéssemos de sua investida. Caspian X está a alguns metros de nosso regimento e segue na completa surdina. Ele vem com um regimento que é dobro do nosso e avança sem nenhum temor . O homem parece possuído, senhor!”
Com um rosnado, o comandante calormano ordena:
“ – Levem a cadela! O restante fica comigo, vamos dar um pouco de trabalho a esse rei. Ele espera encontrar a noiva e o povo vivo. Esperem só para ver o rosto dele quando entrar na clareia e não avistar a mulher e ainda encontrar os soldados amarrados e mortos!”, ao falar isso o comandante calormano enfia uma adaga no pescoço de um lobo e o deixa morrer afogado no próprio sangue.
A trompa de Caspian é ouvida bem próxima de onde seu regimento está rendido, mas você já está distante, amordaçada e carregada nos ombros de um soldado calormano. “Aslan, nos ajude, por favor!”. Ao levantar os olhos você vê um grifo voando em silêncio, acompanhando a fuga do calormano. “Caspian pode ser um rei jovem, mas não é burro. Se ele viesse a minha procura ambos seríamos mortos, mas com uma vigia oculta fica mais fácil encontrar e arrombar seja qual for o esconderijo onde ficarei. Obrigada, Aslan, pela sabedoria de meu rei!”
Assim que você percebe o grifo, começa a lutar com o pouco de força que lhe resta. Chuta, arranha e morde o calormano, mas este irritado a solta no chão e então você vê um punho se aproximar de seu rosto com tanta velocidade que mal consegue sentir a dor do impacto ao cair inconsciente aos pés do calormano.
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O cenário que a tropa de Caspian encontrou quando adentrou a clareira não foi o mais feliz, mas tão pouco era aterrador. Os calormanos estavam lutando e subjugando os narnianos, que apenas fingiam rendição enquanto você corria perigo. Assim que o soldado a levou por uma nova trilha, os narnianos passaram a lutar, com muito esforço, garras e dentes arrebentaram as cordas e passavam, em seguida a enfrentar e despedaçar os calormanos. Era uma luta feia, muitos narnianos feridos caiam ao chão para não mais se levantar.
Mas a história se reverteu assim que as tropas do rei entraram na clareira. Ao som da trompa real, os animais feridos que ainda podiam lutar retomaram mais uma vez a luta. Caspian mantinha no rosto um olhar feroz e felino. Algo entre a fúria, a dor e a serenidade que se precisa em uma batalha. O rei vasculhou cada canto da clareira até se convencer que você não estava entre os mortos. Foi o próprio rei que cortou a cabeça do comandante calormano depois que este contou o plano do Tisroc para você.
O rei calormano pretende fazer de você uma de suas concubinas, a fim de humilhar Caspian publicamente. Ele a está levando para as mãos de seu soldado mais cruel, para alguém a quem o comandante afirmou que era melhor que você não tivesse nascido a ter que passar um segundo nas mãos desse carcereiro. Foi aí que Caspian ordenou que um grupo de 10 grifos esquadrinhasse o céu para segui-la até o cativeiro.
Os grifos se espalharam a fim de cobrir um melhor o território e quando a encontrassem somente um grifo retornaria, segundo o plano, para avisar o rei de sua localização e, a partir desse momento, o grifo guiará um grupo de resgate que será comandado por Suzana.
Mesmo que a emboscada não tenha saído da forma que Arãn planejara, o rei calormano já tinha sua primeira vitória: Mostrar ao seu próprio exército que Caspian não estava preparado para uma guerra, que um soberano que não consegue manter a própria noiva em segurança nunca será capaz de manter um reino em pé.
Mas Arãn continua a subestimar a existência de Aslan...
... em Londres um jovem universitário participava de uma cavalgada no campo de equitação de Oxford quando seu cavalo se assustou com o tinido de metal contra metal que vinha dos bosques adiante. Curioso o rapaz instiga o cavalo a continuar e, ao se aproximar, percebe do que se trata. “Mas o que está acontecendo? Será essa uma das surpresas preparadas para o aniversário da instituição?”, mas logo que cogita essa possibilidade, o jovem a descarta ao ouvir um grito de dor.
Ao reconhecer o som de batalha, o rapaz instigou o cavalo a seguir mais fundo no bosque, em direção do barulho, seu coração batia no ritmo do choque das espadas. Cavalgou até que entrou em uma parte do bosque em que as arvores quase encostavam uma nas outras, o lugar era escuro e o jovem logo percebeu que e já não era mais dia e sim o cair da noite, tão pouca era a luz solar que banhava o lugar. Permaneceu cavalgando até que chegou a origem do som. Agora ele estava no topo de uma colina e lá embaixo uma batalha se travava. A massa que se movia era indistinta. Ele não conseguia distinguir quem estava lutando contra quem até que se lembrou do sonho e então reconheceu um jovem com um elmo prateado e em cima do elmo uma coroa: o jovem rei que tempos atrás ele havia ajudado a coroar.
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Caspian bradava ordens de formação de combate para manter a resistência narniana. Mais e mais soldados calormanos afloravam da floresta como formigas saem de um formigueiro. Hordas de inimigos surgiam de entre as arvores, mesmo com estas em plena ação.
O jovem rei mantinha as tropas narnianas em plena ação até que foi atingido no ombro direito e sua espada arrancada de sua mão. O Navegador percebia seus movimentos muito lentos para a batalha e agora com o braço direito machucado já não via mais chances de vencer. Caspian assistia ao inimigo desferir um golpe de espada após o outro, todos destinados a tirar sua vida. Ele não viu outra alternativa a não ser se jogar ao chão, a fim de desviar do golpe. O soldado calormano desferia golpes contra o corpo de Caspian que permanecia no chão, rolando de um lado a outro, desviando dos golpes, até que avistou sua espada. O algoz ria um sorriso aberto de deboche. O orgulho do rei estava ferido, mas o que mais doía era a possibilidade de não mais a ver.
Em um ímpeto de pura coragem e instinto de sobrevivência, o jovem líder rolou em direção da arma caída e quando, de um salto a suspendeu no ar, ao olhar para cima, enquanto seu inimigo desferia um golpe de espada, avistou Pedro e uma expressão de reconhecimento atravessou o rosto dos dois reis.
Pedro não pensou. Assim como Caspian, se atirou a galope em direção da batalha que acontecia e, usando a espada cravada no corpo de um calormano caído, interceptou um golpe que tiraria a vida do jovem rei narniano. O golpe que o Grande Rei aparara estava destinado a cabeça de Caspian. Se Pedro não tivesse aparecido, Caspian não teria tido tempo de se defender. Mesmo com a espada em mãos seus movimentos ainda eram lentos. O corpo do Rei Navegador estava cansado, seus braços tinham câimbras e seu coração estava pesado pela morte de tantos narnianos e pelo seu desaparecimento e, mesmo assim, Caspian continuava lutando, pois preferia “morrer em batalha antes de assistir ao meu povo morrer!”
Caspian assistiu com certa satisfação a cabeça do inimigo rolar separada de seu corpo. Um olhar de surpresa foi eternizado naquele rosto morto. Pedro estendeu a mão e Caspian o puxou para um abraço. “Uma excelente notícia em um dia manchado pela minha derrota”, pensou o Rei Navegador exausto e com um sorriso no rosto.
“ – Caspian, toda vez que volto a Nárnia é para salvar sua cabeça de uma espada?!”, falou Pedro com um sorriso no rosto.
Caspian, com ânimo renovado, bradou em meio a batalha: “ – Narnianos, lutem como nunca lutaram em suas vidas, pois Aslan nos enviou ajuda. O Grande Rei Pedro está entre nós!”
OBS: O texto foi escrito por mim e é proibido seu uso ou cópia integral, ou de fragmentos, sem a autorização da autora. O mesmo vale para todo e qualquer conteúdo deste blog que seja de minha autoria. Sua cópia ou uso sem autorização é qualificado como plágio, sendo configurado como crime previsto no Código Penal. O infrator está sujeito as punições previstas no Art. 184 do Código Penal - Decreto Lei 2848/40
Kamila Mendes
Mesmo que a emboscada não tenha saído da forma que Arãn planejara, o rei calormano já tinha sua primeira vitória: Mostrar ao seu próprio exército que Caspian não estava preparado para uma guerra, que um soberano que não consegue manter a própria noiva em segurança nunca será capaz de manter um reino em pé.
Mas Arãn continua a subestimar a existência de Aslan...
... em Londres um jovem universitário participava de uma cavalgada no campo de equitação de Oxford quando seu cavalo se assustou com o tinido de metal contra metal que vinha dos bosques adiante. Curioso o rapaz instiga o cavalo a continuar e, ao se aproximar, percebe do que se trata. “Mas o que está acontecendo? Será essa uma das surpresas preparadas para o aniversário da instituição?”, mas logo que cogita essa possibilidade, o jovem a descarta ao ouvir um grito de dor.
Ao reconhecer o som de batalha, o rapaz instigou o cavalo a seguir mais fundo no bosque, em direção do barulho, seu coração batia no ritmo do choque das espadas. Cavalgou até que entrou em uma parte do bosque em que as arvores quase encostavam uma nas outras, o lugar era escuro e o jovem logo percebeu que e já não era mais dia e sim o cair da noite, tão pouca era a luz solar que banhava o lugar. Permaneceu cavalgando até que chegou a origem do som. Agora ele estava no topo de uma colina e lá embaixo uma batalha se travava. A massa que se movia era indistinta. Ele não conseguia distinguir quem estava lutando contra quem até que se lembrou do sonho e então reconheceu um jovem com um elmo prateado e em cima do elmo uma coroa: o jovem rei que tempos atrás ele havia ajudado a coroar.
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Caspian bradava ordens de formação de combate para manter a resistência narniana. Mais e mais soldados calormanos afloravam da floresta como formigas saem de um formigueiro. Hordas de inimigos surgiam de entre as arvores, mesmo com estas em plena ação.
O jovem rei mantinha as tropas narnianas em plena ação até que foi atingido no ombro direito e sua espada arrancada de sua mão. O Navegador percebia seus movimentos muito lentos para a batalha e agora com o braço direito machucado já não via mais chances de vencer. Caspian assistia ao inimigo desferir um golpe de espada após o outro, todos destinados a tirar sua vida. Ele não viu outra alternativa a não ser se jogar ao chão, a fim de desviar do golpe. O soldado calormano desferia golpes contra o corpo de Caspian que permanecia no chão, rolando de um lado a outro, desviando dos golpes, até que avistou sua espada. O algoz ria um sorriso aberto de deboche. O orgulho do rei estava ferido, mas o que mais doía era a possibilidade de não mais a ver.
Em um ímpeto de pura coragem e instinto de sobrevivência, o jovem líder rolou em direção da arma caída e quando, de um salto a suspendeu no ar, ao olhar para cima, enquanto seu inimigo desferia um golpe de espada, avistou Pedro e uma expressão de reconhecimento atravessou o rosto dos dois reis.
Pedro não pensou. Assim como Caspian, se atirou a galope em direção da batalha que acontecia e, usando a espada cravada no corpo de um calormano caído, interceptou um golpe que tiraria a vida do jovem rei narniano. O golpe que o Grande Rei aparara estava destinado a cabeça de Caspian. Se Pedro não tivesse aparecido, Caspian não teria tido tempo de se defender. Mesmo com a espada em mãos seus movimentos ainda eram lentos. O corpo do Rei Navegador estava cansado, seus braços tinham câimbras e seu coração estava pesado pela morte de tantos narnianos e pelo seu desaparecimento e, mesmo assim, Caspian continuava lutando, pois preferia “morrer em batalha antes de assistir ao meu povo morrer!”
Caspian assistiu com certa satisfação a cabeça do inimigo rolar separada de seu corpo. Um olhar de surpresa foi eternizado naquele rosto morto. Pedro estendeu a mão e Caspian o puxou para um abraço. “Uma excelente notícia em um dia manchado pela minha derrota”, pensou o Rei Navegador exausto e com um sorriso no rosto.
“ – Caspian, toda vez que volto a Nárnia é para salvar sua cabeça de uma espada?!”, falou Pedro com um sorriso no rosto.
Caspian, com ânimo renovado, bradou em meio a batalha: “ – Narnianos, lutem como nunca lutaram em suas vidas, pois Aslan nos enviou ajuda. O Grande Rei Pedro está entre nós!”
OBS: O texto foi escrito por mim e é proibido seu uso ou cópia integral, ou de fragmentos, sem a autorização da autora. O mesmo vale para todo e qualquer conteúdo deste blog que seja de minha autoria. Sua cópia ou uso sem autorização é qualificado como plágio, sendo configurado como crime previsto no Código Penal. O infrator está sujeito as punições previstas no Art. 184 do Código Penal - Decreto Lei 2848/40
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