E os céus se abriram, revelando um dia intenso e claro de
verão. Sob a frondosa macieira do jardim, uma rapaz esbelto expiava o céu, com
olhos semicerrados, admirando a beleza do verão. A sombra dos galhos dançavam
ao sabor do vendo sobre o corpo do jovem revelando ângulos e curvas de um rosto
sonhador e ousado.
Levantou o queixo orgulhoso, deixando a brisa suave bagunçar
seu cabelo, pois sabia que era belo. Toda a calma e segurança foram embora quando
ouviu o som de sua gargalhada.
Todas as tardes, por longos dois anos, havia observado
Arabela. Mas não havia coragem de chegar junto a ela. Seus longos cabelos
castanhos dançavam selvagens enquanto a garota corria, acompanhada de seu fiel
escudeiro, o vira-latas tofu.
Corriam, brincavam, pulavam, aproveitando a liberdade
restrita. Arabela era diferente das outras. Era bela, mas nada de
extraordinário havia nela. A não ser a sensação de que aproveitava os dias como
se fossem únicos. Pedro passara a observar, mas
o que há nela que prende meu olhar?
Rapaz arrogante,
todos diziam. Sem modos, era o que
ouvia. Estragado pelos mimos do avô,
sempre repetiam. Pedro era tudo aquilo e mais. Ousado, abusado, arrogante,
mimado, inteligente e cheio de desdém pela gente. Passava os dias sozinhos,
gostava de estar só, de andar a pensar e chutar o pó.
Até que avistou Arabela, com sua gargalhada bela, a brincar
como uma criança nos jardim de flores amarelas. A observava de uma pequena
colina, próxima as terras da família da menina. Não entendia o que a fazia rir.
Brincar sozinha no máximo era sinal de não ia bem do juízo.
Os dias passaram e ele não conseguia chegar em Arabela. Mas
que magia era aquela que a menina exercia sobre si? Ele tão cheio de palavras,
se sentia vazio como uma caixa lacrada com nada. Seus dias eram passados na
solidão de seu quarto, a sonhar com a bela gargalhada dela.
Até que um dia, Arabela não apareceu. As flores amarelas não
nasceram mais e Tofu vagava sozinho com suas pequenas orelhas baixas e focinho
encostado no chão. Arabela se foi,
mas pra
onde foi? Pedro nunca soube. Agora com suas mãos tremulas, enxugava
lágrimas de um passado nunca revelado. Cheio de amor, paixão e beleza trazido
por ela, que era bela, mas não sabia!
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Kamila Mendes
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