terça-feira, 12 de junho de 2012

Sonhei, lembrei, vivi



Sonhei com sua voz suave e mansa ao pé do ouvido dizendo "amo você"! Foi bom, me senti viva, amada. Como só me senti no inicio de tudo.

Sonhei que defendíamos um ao outro de tudo, e de todos os dragões que se levantaram. Sonhei que você se importava comigo, que ouvir minha voz era o ponto alto do dia. O coração leve e sorriso no rosto foi o que restou, até que a realidade me abateu.

Com olhos abertos durante a madrugada, me perguntei o que fez eu me lembrar de você. Há semanas, quisá meses, seu nome era apenas uma palavra qualquer que rondava os dias. Mas em minutos voltou a significar algo.

Fechei os olhos, tenteis espantar os fantasmas da dor e indiferença, mas sua voz continuava a ressoar: “saudade de você, anjinho”. Nenhuma estocada no peito teria o mesmo impacto doloroso do que essa lembrança.

Levantei e caminhei sem rumo. O azulejo gelado da sala me fez lembrar que já não dormia mais, que agora cabia a mim lutar contra as lembranças. Atirei muitas no lixo sabendo que eram meras ilusões da mente. Nunca aconteceram!

Algumas estavam ali, diante de mim, vividas, esquentando meu coração e trazendo lágrimas aos olhos. Fantasia, ilusão ou realidade? Quanto daquilo de fato era lembrança e quanto daquilo era apenas um jogo mental. Minha mente pregando peças em mim mesma.

Sou minha pior inimiga. Lanço uma quantidade abusrda de água gelada no rosto para diluir os sentimentos confusos que transparecem nas feições em choque de meu rosto. Olho no espelho e pergunto: o que foi? Era só um sonho! Mas sua gargalhada absurdamente gostosa ressoou em meus ouvidos e chorei por dentro. Chorei lágrimas que já não me permito derramar.

Não vou cair na ilusão de te ligar. Não quero mais te procurar. Sei, agora sei que fui apenas uma peça de seu jogo solitário de tentar fugir de uma realidade fugaz e sem sentido.

Acordo assustada no meio da noite com a sensação de que o tempo parou naquele momento, que pelo amanhecer vou despertar com uma mensagem sua no celular. O coração aquecido tenta driblar a dura frieza da realidade.

Levanto os olhos e agradeço pelo simples fato de que toda essa tormenta se passou em segundos. Um turbilhão de emoções me lançando contra as pedras da realidade. Vivi tudo em um abrir de olhos.

Luto para adormecer, mas o sono me abandonou de vez. Observo então a dama dos céus se despedir da noite e dar lugar ao espetáculo do grande astro. É hora de levantar. Me dirijo ao banheiro. Demoro no banho, visto uma roupa bem confortável. Luto com a dor de cabeça vinda dos conflitos internos. Visto minha armadura de guerra e sigo em frente. Vou enfrentar mais um dia, armada e segura, sabendo que você não está lá!

OBS: O texto foi escrito por mim e é proibido seu uso ou cópia integral, ou de fragmentos, sem a autorização da autora. O mesmo vale para todo e qualquer conteúdo deste blog que seja de minha autoria. Sua cópia ou uso sem autorização é qualificado como plágio, sendo configurado como crime previsto no Código Penal. O infrator está sujeito as punições previstas no Art. 184 do Código Penal - Decreto Lei 2848/40.

Kamila Mendes

4 comentários:

Contos da Rosa disse...

oi Kamila, obrigada pela dica! Valeu. Vou conferir.

Poxa, esse texto tá ótimo. Achei o título bem escolhido e apropriado. Três verbos, três etapas marcantes. No final das contas o que vale é viver - sejam os momentos vividos, reais ou ilusórios - porque viver é sentir e se emocionar. Então, o instante de um sonho bom que passa, vale pelo instante que durou.

Cabecinha bem imaginativa a sua. Você viaja e a gente viaja com você. rs

bjss

Joo disse...

Nossa que texto lindo Kami Best.
Me fez pensar em muitas coisas que acontecem na minha vida.

Evyy disse...

Essas lembranças são as que mais machucam..
Adorei texto, Kami! E muito fácil se identificar, e se colocar, no lugar da personagem.

Kamila Mendes disse...

Olá Rosa,

obrigada as vezes um sonho chega ser mais real do q o despertar, isso q me leva a escrever, entre outras coisas é claro...

Jooooooo, minha best linda!

é best, é assim mesmo...as vezes pelo q os outros vivem nós nos identificamos muito!

Evy, isso é vdd...algumas lembranças abrem feridas já cicatrizadas muito rápido!