Todos os dias era a mesma dança, e aqueles olhinhos, ávidos por mais, assistiam, deliciando-se com cada rasante dado por elas, ficando cada vez mais empolgada quando uma nova amiguinha se juntava ao seu carrossel de cores e dançava junto uma melodia que seus pequenos ouvidos não conseguiam captar.
As gargalhadas enchiam o jardim de vida, quando uma dançarina brincalhona resolvia deixar o balé ensaiado e ir dançar perto do rostinho curioso. O extase vinha quando alguma resolvia pousar em suas mãozinhas ou nariz. Quando tentava tocá-las, mamãe dizia: “Não querida, elas são frágeis demais, podem se machucar” e rapidamente os dedinhos se recolhiam.
Anos se passaram e os mesmo olhos observando as borboletas brincando de carrossel no jardim. Ana cresceu e nunca entendeu seu fascínio por aquelas belas criaturas,mas as amava. Em tudo haviam cores e borboletas: cadernos, camisas, quadros, pinturas que ela mesma fazia.
Lembranças de sua infância estavam marcadas em seus pés e costas. Borboletas em todo lugar. Beleza e magia da infância a acompanhariam mesmo nos dias cinzas.
Agora, olhos cansados observavam a dança. Sentada em uma cadeira de balanço, mãos enrugadas se estendiam e borboletas coloridas, magnificas pousavam em seus dedos ossudose mais uma vez a voz dizia: “tome cuidado querida, você pode machucá-las”, mas dessa vez, sua voz cansada dava o mesmo aviso para os ouvidos atentos e olhos ávidos de um pequeno garotinho sentado na grama, observando e gargalhando dançando com as borboletas no jardim.
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Kamila Mendes
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