O último local existente em Nárnia e o primeiro a existir. Todos sonhamos em poder ver o País de Aslan, o lugar de repouso do grande Leão. Mas todos esquecemos que somente um foi para tal lugar. Em todas as sete crônicas somente um ser conheceu o País de Aslan. Somente uma criatura teve permissão de Aslan para entrar em sua morada: Ripchip, o mais corajoso narniano que já houve.
Na adaptação cinematográfica de As Crônicas de Nárnia – A Viagem do Peregrino da Alvorada (VPA), bem como a obra homônima escrita por C.S. Lewis, os personagens centrais são os irmãos Pevensie mais novos, o rei Edmund e a rainha Lucy, o Rei Caspian X, conhecido após a aventura de VPA como O Navegador, e o líder dos ratos falantes, Ripchip. Mas, dando uma olhada um tanto mais aprofundada, podemos ver que a viagem até o Fim do Mundo é só um plano de fundo para algo mais profundo.
Entenda a história
Para entendermos melhor essa questão vamos dar uma pequena olhada nos personagens principais. Nesse momento, Caspian e os irmãos Pevensie pertencem ao mesmo grupo. A viagem do Peregrino até o Fim do Mundo, melhor navio da marinha de Nárnia, representou para os humanos uma viagem de amadurecimento e crescimento espiritual. Tantos os irmãos, quanto Caspian, enfrentaram seus piores medos e aprenderam a não deixar que problemas, medos e lutas afoguem sua fé.
Mesmo Lucy, foi tentada na sua cobiça: a menina queria ser tão bonita quanto Susan, sua irmã mais velha. Nesse momento a ‘fraqueza’ do personagem que muitos acreditaram ser o mais forte. Lewis foi um gênio ao mostrar o lado humano e frágil de Rainha Destemida. Edmund mostrou que, não interessa aonde ele vá a lembrança de seu erro o perseguirá, cabe a ele lutar contra a acusação do inimigo e lembrar da libertação dada através do sacrifício de Aslan.
Caspian, aqui estamos falando do personagem do livro e não do filme, conquistou seu reino, foi coroado pelo próprio Leão, mas ainda havia infantilidade demais no jovem rei. Diferente do filme, o Rei Caspian é pouca coisa mais velho que Pedro, deve ter uns 18 anos no livro. A Viagem do Peregrino fez com que o Rei confrontasse seu lado mimado e infantil e admitisse que deveria amadurecer.
E Eustáquio, que precisou passar por uma transformação completa, vendo seu verdadeiro eu exposto a todos que o acompanharam na viagem e admitiu que foi um dragão melhor do que um menino.
Por fim, o foco central de ambas as obras, filme e livro, foi o líder dos ratos falantes de Nárnia: Ripchip. O calvaleiro narniano, enquanto um filhote, ouviu uma canção que jamais esqueceu. Ripchip firmou sua vida na esperança que essa canção gerou em seu âmago: Conhecer o País de Aslan.
Onde o céu e o mar se encontram,
Onde as ondas se adoçam,
Não duvide, Ripchip,
Que no Leste absoluto está
Tudo o que procura encontrar
Toda a vida do valente rato foi traçada para que ele pudesse em fim alcançar seu sonho. Quando Caspian anunciou sua partida em busca dos sete fidalgos de Telmar, Ripchip foi o primeiro a se oferecer a navegar águas desconhecidas ao lado do rei. Foi dele também a citação mais emocionante do livro.
Em um momento em que todos perderam a fé e Caspian, apoiado por Lucy e Edmund, decide retornar a Nárnia, é Ripchip o único a não se abalar. Ele mantém a esperança e o foco:
- Os meus planos estão traçados. Enquanto puder, navegarei para o oriente no Peregrino. Quando o perder, remarei no meu bote. Quando o bote for ao fundo, nadarei com as minhas patas. E, quando não puder mais, se ainda não tiver chegado ao país de Aslam, ou atingido a extremidade do mundo, afundarei com o nariz voltado para o leste, e o outro será o líder dos ratos falantes de Nárnia.
País de Aslan
“É como se fosse um refugio de todo o cansaço, um lugar para se viver e esquecer, como uma nova vida num lugar novo que não se pode voltar, tipo não um recomeço mas um final maravilhoso de tudo”, Diego Tadeu, membro do grupo As Crônicas de Nárnia.
A visão que o narniano Diego Tadeu tem é a mesma de Ripchip, que nesse ponto pode ser comparado a Paulo. Ao chegar no Mar de Lírios, Rip, apelido carinhoso dado pelos fãs, se lança sem medo ao mar, para provar a si mesmo, e aos demais tripulantes que a água era doce e que enfim chegaram ao Fim do Mundo. Mais um paralelo com realidade, a caminhada cristã não é fácil, ela é árdua, é preciso coragem e foco, mas no fim ela doce e bela como o Mar de Lírios.
Além do referido mar, está uma praia, porta de entrada ao País de Aslan. De todos os personagens que aportam somente a Ripchip é dado o direito de conhecer a morada do Leão. Somente um rato é digno dessa honraria. Perceba, estavam na praia dois dos antigos reis de Nárnia, Lucy e Edmund, Eustáquio, o novo convertido do grupo e, ao menos no filme, o atual Rei de Nárnia, Caspian X, mas somente o rato foi digno.
O céu... Todo mundo busca o paraíso, somente um rato foi levado vivo para lá, mas a que preço? Poucos atentam para o fato de que Ripchip pagou um preço. Para ele conhecer o País de Aslan era mais importante do que seu status como líder dos ratos falante, do que sua honra de cavaleiro, conquistada em inúmeras batalhas, do que sua espada, que já salvara sua vida. Ele traçou um plano de vida e seguiu ele até o fim. Ele conquistou o direito e a honra de ser o primeiro. E o que você tem feito? Quer viver sua vida como um simples homem, ou ser como um rato, que conquista seu espaço?
“Meu País foi feito para corações nobres como o seu, sejam eles grandes ou pequenos!”
(Aslan, em a Viagem do Peregrino da Alvorada).
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Kamila Mendes
Marcadores: Reflexões