terça-feira, 26 de novembro de 2013

Fúria das águas

A tristeza veio e tornou o coração miúdo. Não sei ao certo por que, apenas sei que veio do nada, como uma onda suave que foi ganhando velocidade e força e agora ameaça destruir barreiras de contenção antigas. Pensei que pudesse passar por isso ilesa. Mas a perda foi grande demais para ignorar a dor. 

Mesmo assim, o consolo do alto foi o suficiente para arrefecer essa chama negra. Mas bastou uma palavra, apenas uma palavra, e a barreira está rachando. Já sinto os fios de água correndo por entre as rachaduras recentes do concreto recém construído, erguido para impedir o fluxo constante e intermitente das emoções confusas e complexas. Por enquanto, as águas afluem rápidas, mas silenciosas, molhando apenas o terreno do meu coração. Irrigando meu humor com algum tipo liquido fluido, que escorre rápido para as profundezas e já sinto seus efeitos. 

O sono já foi embora. A tristeza se aproxima no terreno encharcado pelas águas que agora forçam a barreira. Suas garras espremem minha alma e quero gritar, mas não sei porque. Quero alguém pra conversar, mas todos dormem. Todos morrem. Ninguém vive a imensidão fértil e febril que vivo. Ninguém tem emoções feridas como eu e mesmo assim ainda tenta fazer a diferença no mundo. 

A barreira de contenção vai se romper amanhã e uma enxurrada vai levar tudo pela frente. Espero que não hajam vítimas. Desejo o mínimo de feridos. Vou me esforçar pra desviar a fúria das águas e concentrá-la apenas e mim: minha pior inimiga!

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Kamila Mendes

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