A história que deu origem ao conto
Assim como os demais “contos de fadas”, A Bela e a Fera é um conto antigo, cujas
origens podem datar do início da era cristã, ou mais antiga ainda, pode ter surgido na Grécia Antiga. Diferente dos demais contos, como Chapeuzinho vermelho e Bela
Adormecida, o tema central de A Bela
e a Fera é basicamente o mesmo, apesar das alterações sofridas ao longo do
tempo.
Porém, a verdadeira história por trás do conto
ainda é um mistério. Existem, no entanto, relatos dispersos no tempo. Mas ainda
não se sabe que foram os verdadeira Bela e nem quem teria sido a temível Fera.
Os primeiros relatos oficializando o título "A
Bela e a Fera" foram feitos durante a Idade Média, entre os séculos XVI e
XVII. O conto foi oficialmente publicado pela francesa Gabrielle-Suzanne Barbot
de Gallon de Villeneuve, logo em seguida outros autores, como o italiano Giovanni
Francesco Straparola e pelo também francês Charles Perrault, também
contribuíram com suas versões.
*Vocês já perceberam que a maioria dos contos de
fada tem origem na Idadde Média?! Algo de muito estranho acontecia nessa época
com o povo. Eles tinham uma imaginação voltada ao macabro, mas pelo menos nos
rendeu boas histórias e ótimas teorias.
Mas, o conto não surgiu na Idade Média. Pode-se
dizer que A Bela e A Fera vem dos tempos da Grécia Antiga, com a
história de Eros e Psique.
- Grécia
Antiga
O mito de Eros e Psique conta a história de
uma bela jovem, Psique, da qual Vênus (correspondente romano de Afrodite) tinha
inveja e mandou seu filho, Eros (Cúpido), usar sua flecha para fazer com que a
jovem se apaixonasse pelo o o monstro mais temido. Mas ele se apaixona por Psique.
Quando o pai da menina vai consulta um oráculo em busca de um marido para a
filha, Eros intervém dizendo que ela está destinada a casar com uma horrível
serpente e que deveria ser abandonada no alto de uma montanha.
Dessa forma, ambos desenvolvem uma intensa paixão, porém, Eros exige que
nunca fosse visto pela amada, que aceita, por se sentir realizada com seu
casamento. Com medo de que seu marido seja um ser monstruoso, ela acaba olhando
Eros durante à noite com uma lamparina à vela. Nesse momento, Eros acorda e,
revoltado por Psique tê-lo desobedecido, vai embora. Entretanto, acaba
voltando, após fazê-la passar por uma série de provações, e os dois se casam e
são “felizes para sempre”.
Com o passar do tempo, o mito se tornou a história
de Eros, que ao desobedecer Afrodite foi transformado em uma gigantesca
serpente, e tentava ganhar a confiança de sua amada. Essa versão da história pode ser encontrada
em muitos contos de fadas, como: um conto popular na Rússia chamado "The
Enchanted Tsarevitch" e também na China, "The Fairy
Serpent”.
- De volta a
Idade Média
As versões que vou abordar a seguir falam da
crueldade vista nos contos dos irmão Grimm, apesar de A Bela e A Fera não fazer parte de seu repertório. Vale lembrar que
toda a crueldade está contida de forma subliminar.
No século 16, o italiano Giovanni Francesco Straparola
contou a história do “Re Porco” (Rei Porco), um homem bruto que recebeu esse
nome por tratar asmulheres de forma cruel e dissimulada. Talvez haja uma
sugestão de estupro aqui, uma vez que, na Idade Média, as mulheres não passavam
de meros objetos para os homens.
Na Escandinávia foi encontrado o conto “East of the Sun and West of the Moon”. Aqui
a fera é um urso
branco, que se transforma em homem para ir para a cama de Bela. Assim como Psique, Bela está proibida de olhar para seu rosto.
branco, que se transforma em homem para ir para a cama de Bela. Assim como Psique, Bela está proibida de olhar para seu rosto.
*Tanto no caso de Psique, quanto de Bela da
Escandinávia, vejo a questão do abuso disfarçado. Quantas meninas cresceram ouvindo
essa história de principe que um dia se revelaria e a pediria em casamento,
quando na verdade eram abusadas por pais, irmãos, vizinhos ou qualquer outro
homem. Era mais uma forma se subjulgar e silenciar pobres meninas que só
buscavam um futuro melhor.
Outra versão que me deixou estarrecida foi a do
francês Charles Perrault. Em 1697, ele reuniu o conto “Riquet a la Houppe” na compilação “Histoires ou Contes du Temps Passé”. Nessa versão fica a cargo do
leitor descobrir se a Fera realmente se transforma em um homem ou apenas parece que
se transforma aos olhos da mulher
* Isso me soa como a Sindrome de Estocolmo: a mulher sofreu tanto na mão do agressor que
passar a buscar formas de se identificar com ele, afim de diminuir seu
sofrimento, passando a defendê-lo e até se apaixonar por ele.
Depois de
destruir minha infância...
... e a sua,
provavelmente!
Agora sim, vamos falar de algo que nos é familiar
\o/. Aquela moça que citei no início dos fatos históricos, você Lembra? Muito
Bem. Gabrielle-Suzanne Barbot de Gallon de Villeneuve escreveu “La Jeune Amériquaine, et les Contes Marins”,
uma série de contos para entreter seus amigos. Não, eles não eram crianças.
Logo, seu conto também tinha conotação sexual.
Sua versão se tornou A Bela e a Fera que conhecemos. A história é um pouco maior, com a
genealogia tanto de Bela, quanto de Fera. Nessa versão Bela era descendente da
realeza e Fera, um príncipe amaldiçoado.
Mas a versão que serviu de base para o filme que fez com que todas nós
sonhássemos com um princípe foi a de Jeanne-Marie Le prince de Beaumont. Em
1756, Jeanne-Marie escreveu uma versão curta da história de Gabrielle-Suzanne,
que terminava com a transformaçaão de Fera em um belo princípe. O mais curioso
é que nenhuma dessas mulheres descreveu a Fera, deixando aberta as portas da
imaginação dos desenhistas da Disney.
Entào, é isso... na próxima e última parte desse artigo, vou tentar
fazer uma análise da nossa querida Bela. A Bela da Disney, pelo amor de Deus.
As Belas dos contos originais precisam de anos de acompanhamento psicológico!
ÔÔ
Continua...
Kamila Mendes
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