Estressada e bufando, Amanda decidiu ler a mensagem e descobrir quem era a figura que resolvera lhe acordar as 4h da manhã. Colocou os óculos de aro negro e grosso e entrou em sua caixa de mensagem. O que leu fez com que seu corpo inteiro enrijecesse.
‘Está dormindo princesa? Então aproveita, porque amanhã talvez você nem acorde!’
Assustada, Amanda levantou e correu para o quarto dos pais, apenas para lembrar que não estavam em casa. Haviam ido a alguma festa desses amigos bestas e ricos, metidos a críticos de arte. Amanda estava só e com medo. Acendeu a luz do banheiro, onde ficou por tanto tempo se olhando no espelho que não percebeu quando outro sms chegou.
“Tah com medo, criança?! Acendeu a luz do banheiro pra quê?!’
Apavaroda, apagou a luz e voltou as cegas para o quarto, tateando pelas paredes chegou até sua cama. Encolhida embaixo do lençol, no escuro, lágrimas desceram pelo seu rosto, umedecendo o travesseiro. “É só uma brincadeira boba, Amanda, só isso. Não seja tola. Vai ver que é alguma amiga passando trote”, pensava a garota, quando mais um sms chegou:
“Foi se esconder covarde??? Na hora de esconder o corpo nem pensou duas vezes, né, rainha de gelo?!”
O ar saiu dos pulmões de Amanda na forma de um grito surdo. Tremendo dos pés a cabeça, a garota digita o numero que ainda guarda na memória. Uma voz rouca e sonolenta atende: “Amanda, são 4h30 da manhã, o que você quer?!”, aquela era uma voz que outrora se alegrava em receber suas ligações.
- Edu, descobriram...alguém descobriu...estou apavarada...por favor, não sei o que fazer...
- Mandy, calma. Não estou entendendo nada!
- Me mandaram algumas mensagens, falaram do corpo. Edu, eles sabem!!!
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Ainda assustada, com olheiras profundas, a menina tentava engolir algum pedaço do seu café da manhã, mas em vão remexia na tijela com cereal. A agunia parecia tomar conta e todo seu ser tremia como folha ao vento. Quando a campanhia tocou, Amanda correu e abriu a porta. Desesperda se lançou nos braços de Edu e chorou tudo que ainda não havia conseguido colocar pra fora.
Após alguns minutos, Mandy conseguiu explicar a Edu o ocorrido. Atônito, o garoto olhava repetidas vezes para o celular da garota. “Isso aconteceu há dois anos...foi há dois anos, Amanda. Eramos crianças, não tivemos culpa de nada!”
- É, mas esse cara, ou seja lá quem for, não sabe. Ele não sabe nada e tah me vigiando. Não consigo parar de tremer...eu nao preguei o olho a noite toda. Você sabe o que é isso??? Eu não dormi!!! Não consigo comer e só tenho vontade de chorar. Quero esquecer tudo isso, Edu! Quero sumir!!!
Sem palavras, o garoto abraçou sua ex-melhor amiga e também ex-namorada.
- Mandy, não fizemos nada. Essa história vai acabar bem. Andei pensando e temos uma chance de resolver tudo. Você tem as provas, não temos porque temer!
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Haviam se passado horas desde que Amanda e Edu partiram da casa de Rafael, irmão mais velho de Edu e investigador da policia civil. O rapaz agora pesquisava o arquivo de mensagens de Amanda e tentava descobrir quem era o dono do numero que enviou os sms’s e qual sua relaçao com os dois e com a história.
Rafael nao conseguia acreditar como Amanda e Edu guardaram uma história como aquela por tanto tempo. Tanta coisa esses dois passaram e mesmo depois da amizade ter acabado, Edu se manteve fiel ao segredo. “Se tivessem contado antes, a situaçao não teria chegado a esse ponto!”
Depois de alguns telefonemas e de fazer duas ou três ameaças à atendente da operadora de telefonia móvel, Rafael conseguiu descobrir o numero e a quem pertencia o celular. Por concidência, ou burrice da pessoa, o dono havia comprado o chip e o celular no mesmo cartão de crédito.
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A semana seguinte foi movida a cafeína. Tanto Rafael, quanto Amanda perderam noites de sono. A menina com medo. Medo das mensagens e dos telefonemas que passou a receber. Para ajudar na investigação, Mandy permanecia o máximo de tempo possível com o anonimo no telefone, mas ele sempre desligava antes de completar o tempo necessário para encontrá-lo pelo GPS. Até que, por fim, Mandy foi chamada para o reconhecimento.
Domingo de manhã, Amanda acordou com a última mensagem.
“Garota vadia. Você acha que eles podem me pegar. Acha que você vai se livrar de mim? Deveria ter ficado calada, moleca atrevida!”
De repente Amanda estava de novo no beco escuro, perto do cas da cidade. Estava apenas há três dias e já ia embora na manhã seguinte. Acompanhava Edu, que visitava os tios no interior. Nessa noite, tinha resolvido visitar o cas sozinha, quando ouviu os gritos de uma garotinha. Se aproximou pensando ser uma brincadeira besta de garotos até que viu um homem puxando uma menina de uns 10 anos pelo braço. A criança se debatia e mostrava sinais de violência.
Amanda não pensou gritou e correu em direçao ao homem. Nao sabia que corria para seu agressor. A criança lutava pra se soltar. Nao havia a quem pedir ajuda. Mandy correu e carregou um pedaço de pau que viu pelo caminho, quando se aproximou, acertou a arma branca na cabeça do homem. A menina se soltou e correu. Amanda se virou para correr, mas foi atingida pela mesma madeira que usara e deixara cair.
O baque foi tao forte que Amanda só teve tempo de sentir o gosto metálico de sangue na boca. Enquanto seus olhos se fechavam para o vazio, ela assistiu o homem agarrar a menina.
Ao acordar,estava deitada sobre uma poça de sangue. Seu próprio sangue. Sentiu uma dor profunda em seu baixo ventre e soube, soube o que o cretino tinha feito com ela. Chorou e desejou a morte, mas então ouviu o celular. Quando se virou para atender, viu o corpo da menina, que ao contrário dela, nao sobrevivera. A criança tinha hematomas por todos o corpo, mas era claro que morrera devido a uma pancada forte na cabeça, desferida pela arma que havia usado para defendê-la.
Em desespero, pediu ajuda a Edu. Ela não pensou, não quis pensar. Jogou o corpo no rio e levou o pedaço de pau para casa dos tios do rapaz. Tocou fogo na madeira e despertou ao ouvir Rafael lhe perguntando se o agressor era o homem capturado na noite anterior. Amanda reconheceu o homem, que com um sorriso de desdem foi preso.
Amanda experimentou um mês de serviços prestados e respondeu a interináveis interrogatórios sobre a ocultaçao de cadáver. Mesmo com toda essa tensão, Mandy sentia alivio pela primeira vez em dois anos. Até que despertou a noite, com um mensagem dizendo:
“Pensou que havia ganhado, boneca?!”
...
OBS: O texto foi escrito por mim e é proibido seu uso ou cópia integral, ou de fragmentos, sem a autorização da autora. O mesmo vale para todo e qualquer conteúdo deste blog que seja de minha autoria. Sua cópia ou uso sem autorização é qualificado como plágio, sendo configurado como crime previsto no Código Penal. O infrator está sujeito as punições previstas no Art. 184 do Código Penal - Decreto Lei 2848/40
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Kamila Mendes
Marcadores: Inspiração