São duas mulheres se desafiando. Uma tem longos cabelos castanhos e seu olhos ruivos refletem esperteza, estratégia e planos futuros. Sua armadura prateada transmite cautela e esmero. Segura uma espada longa de dois gumes e tem adagas dependuradas em sua cintura. A outra, um reflexo da primeira, transmite urgência. Olhos ruivos focados no agora. Não existe plano ou estratégia, ela veio pra vencer. Armadura de aço enegrecido. Carrega uma faca na mão esquerda e uma espada curta na mão direita. Ginga sobre seus pés e joga os cabelos curtos e arrepiados para longe dos olhos.
Sentada, assistindo o confronto, está Mel. Cabelos castanhos na altura dos ombros. Olhos ruivos refletindo confusão. Lágrimas descem, porque ela queria apenas que as duas se entendessem. Ela olha para a moça da esquerda, a de armadura prateada. Apesar de todo esmero, consegue ver as cicatrizes. É uma guerreira astuta que tem lutado por anos, mas suas cicatrizes se estendem e enfeitam seu rosto. Uma primeira olhada e nada se vê, mas com um olhar mais cuidadoso é possível perceber as marcas da última batalha! Ela é bela e sábia. Não desiste apesar das derrotas consecutivas. Se sente mais forte a cada dia!
A moça da direita dá pequenos saltitos mostrando agilidade. Os cabelos curtos demonstram que não está ali para perder. De fato, poucas foram as lutas que perdeu. Seus olhos possuem uma urgência furiosa. Uma necessidade absurda de ganhar. Ela tem medo de perder e por isso faz o que for necessário. Suas marcas e cicatrizes são poucas, porém profundas. Ela é bela, mas inocente. Acha que pode ganhar apenas com a força de seu braço e Mel assiste imersa em seu conflito.
A armadura de aço escurecido tilinta enquanto a selvagem garota se agita tentando dar o primeiro golpe. Cuidadosa, a moça da esquerda, de armadura prata, anda como um felino, se preparando para o ataque, mas no fundo ela não quer atacar. Ela não quer brigar. Mas ambas brigam elo poder. Pelo controle do território. Para saber quem, enfim, vai comandar a vida de Mel.
As lagrimas descem e Mel esconde o rosto entre as mãos. Se encolhe como um bebê no meio da luta. As pernas dobradas parecem querer afundar em seu peito. Então as lâminas se chocam. Por breves segundos, que para Mel se parecem com eras, as espadas ficam paradas no ar. Parece que hoje não haverá combate. Por um momento tudo fica equilibrado: razão e emoção. Mas então, um leve pestanejar e garota de cabelos curtos ergue sua faca e atinge o ombro da moça de armadura prateada. Ela enxergou um local onde encaixar a lâmina, uma abertura na armadura. E a luta recomeça.
A esperança de um dia tranquilo se foi. Mas mel não pode parar para esperar a vencedora de hoje. Ela precisa viver. Enquanto a batalha é travada dentro de si, a menina se veste para mais um dia em sua vida. É sempre assim. Sempre essa mesma guerra.
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Kamila Mendes
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